Tentativas de pôr em dúvida o consenso científico sobre as mudanças climáticas apesar dos 97% de consenso
O que a ciência diz...
O artigo de Schulte enaltece o fato de que 48% dos artigos que eles pesquisaram são neutros, recusando-se a aceitar ou rejeitar o aquecimento global antrópico. O fato de tantos estudos sobre mudanças climáticas não se preocuparem em endossar a posição de consenso é significativo porque os cientistas deixaram de discutir as causas do aquecimento global para discutir os detalhes do problema (p.ex. - quão rápido, quando, impactos, etc.).
Menos da metade das publicações científicas endossam o aquecimento global
Klaus-Martin Schulte examinou todos os artigos publicados de 2004 a Fevereiro de 2007. De um total de 528 artigos sobre mudanças climáticas, somente 38 (7%) endossaram explicitamente o consenso. Enquanto, apenas 32 artigos (6%) rejeitam o consenso, a maior categoria (48%) é neutra, recusando-se a aceitar ou rejeitar a hipótese. Apenas um único artigo fez referência às mudanças climáticas levando a resultados catastróficos. (Fonte: DailyTech)
Andrew Dessler's Andrew Dessler's
O artigo de Schulte (de acordo com a versão do DailyTech) destaca o fato de que somente um artigo endossa as 'mudanças climáticas catastróficas'. Essa é a clássica falácia do espantalho. O artigo de Oreskes de 2004 não se referiu a uma catástrofe iminente. Nem o IPCC e nem as Academias de Ciência dos 11 países que endossam a posição de consenso de que a maior parte do aquecimento dos últimos 50 anos se deve, provavelmente, ao aumento da concentração dos gases de efeito estufa.
Ainda mais confusão é feita sobre o grande percentual de artigos neutros. Ironicamente, Oreskes enfatizou o mesmo ponto em 2004 quando ela publicou The Scientific Consensus on Climate Change (O Consenso Científico sobre as Mudanças Climáticas). Atualmente, os artigos de ciências da Terra raramente endossam explicitamente as placas tectônicas como a teoria estabelecida e garantida. O fato de tantos estudos sobre mudanças climáticas não se preocuparem em endossar a posição de consenso é significativo porque os cientistas deixaram de discutir as causas do aquecimento global para discutir os detalhes do problema (p.ex. - quão rápido, quando, impactos, etc.).
E quanto aos 6% de artigos que rejeitam o AGA (aquecimento global antrópico)? A abordagem mais apropriada seria ver o que esses artigos dizem de verdade. O artigo de Schulte ainda não foi publicado, portanto a lista completa ainda não está disponível (por favor, entre em contato se tiver mais informações). Monckton menciona vários estudos tidos como a 'a nata da nata'. A Deltoid também tem seus leitores categorizando estudos revisados desde 2003. Os artigos que supostamente rejeitam o consenso podem ser divididos em várias categorias:
Artigos não científicos
Dois artigos não tratam de pesquisas científicas de verdade, apenas revisam aspectos sociais da ciência do clima. Fico perplexo ao pensar por que eles seriam incluídos a não ser para "impulsionar os números":
- Leiserowitz 2005 pergunta "As mudanças climáticas são perigosas?" em seguida prossegue para "descrever resultados de um estudo nacional que examinou a percepção de risco e os significados conotativos do aquecimento global na mente Americana". Em outras palavras, ele não respondeu a pergunta "as mundaças climáticas são perigosas?" - em vez disso, ele respondeu "o público acha que as mudanças climáticas são perigosas?"
- Gerhard 2004 (publicado no Boletim da Associação Americana dos Geólogos de Petróleo) "resume o recente progresso científico na ciência do clima e os argumentos sobre a influência humana no clima".
Artigos que, na verdade, não rejeitam o consenso
Três artigos focam em aspectos específicos das mudanças climáticas, mas não rejeitam de fato o consenso:
- Cao 2005 recomenda técnicas de modelagem multiescala para melhor entender e quantificar o ciclo do carbono. Ele menciona incertezas no nosso entendimento do ciclo do carbono, mas em momento algum refuta a posição de consenso.
- Lai 2004 sugere que processos internos no oceano podem estar causando o aquecimento global. Paradoxalmente, ele conclui recomendando "reduzir as emissões de dióxido de carbono para a atmosfera, reduzindo assim o aquecimento global". Mais sobre o oceano...
- Moser 2005 estuda as incertezas do impacto do aumento do nível do mar em 3 estados americanos. A ênfase é na habilidade da sociedade em se adaptar ao aumento do nível do mar e não contribui para a pesquisa sobre as causas do aquecimento global.
Artigos científicos sérios que rejeitam o consenso
Existem alguns artigos que conduzem pesquisas originais e rejeitam o consenso. É útil ver os argumentos que eles apresentam para rejeitar o AGA:
- Shaviv 2005 afirma que raios cósmicos estão causando o aquecimento global. Enquanto a ligação entre raios cósmicos e nuvens ainda está sendo debatida, o problema mais sério é que a correlação entre raios cósmicos e temperatura terminou nos anos 1970 quando a tendência global de aquecimento começou. Mais sobre raios cósmicos...
- Zhen-Shan 2006, realizam análises estatísticas com os registros de temperatura e concluem que a temperatura não segue linearmente o CO2. Olhando para o resfriamento global de 1940 a 1970, eles concluem "O aquecimento climático global não é afetado somente pelo efeito do gás de efeito estufa CO2". Ignorar o resfriamento pelos aerossóis e a forçante solar, e não reconhecer que a relação entre temperatura e CO2 é logarítmica e não linear, são falhas graves. Mais sobre o resfriamento global do meio do século...
Atualização de 20 de setembro de 2007: artigo não será publicado. Aparentemente, a notícia de que o artigo de Schulte seria publicado foi muito exagerada como confirmou a editora Sonja Boehmer-Christiansen: A revista Energy and Environment não publicará o artigo:
"Sua pesquisa sobre artigos críticos ao consenso foi um pouco irregular e nada nova, como você apontou. Não era do nosso interesse; nada foi publicado."
Atualização de 24 de março de 2008: Aparentemente a revista Energy and Environment reverteu sua política e publicou o artigo de Schulte.
Atualização de 25 de março de 2008: Chris Monckton publicou seu lado da estória no DeSmogBlog. Em resposta à crítica de John Mashey ao artigo de Schulte.
Última atualização em 29 de Outubro de 2016 por John Cook. Ver Arquivos
Argumentos relacionados ao tema
Leituras adicionais
- Stranger Fruit postado por Naomi Oreskes' em resposta ao artigo de Klaus-Martin Schulte. Os comentários para este artigo são interessantes - eu, particularmente, aprecio o trabalho de detetive de John Mashey de rastrear cronologicamente a disseminação do artigo de Schulte.
- Também digno de ler é o artigo de Oreskes The Scientific Consensus on Climate Change: How Do We Know We’re Not Wrong? - uma atualização de 2007 para seu artigo de 2004.
- Tim Lambert do Deltoid publica todos os Resumos sobre Mudança Climática Global desde 2004 e está classificando-os em diferentes categorias (p.ex. - apoio explícito ao consenso sobre o AGA, rejeição explícita do consenso, etc).
- Em Hunting the white whale Andrew Dessler critica o artigo de Schulte. De novo, muitos comentários interessantes aqui, particularmente pela defesa do artigo de Oreskes por Paul Rosenberg e pelo entretenimento, John Mashey continuou seu trabalho de detetive especulando a respeito da ligação entre as queixas endócrinas de Monkton a Schulte, o endocrinologista. Nem quero pensar!
- Quando esperávamos que fosse a última palavra no "caso Schulte", Naomi Oreskes divulga sua correspondência com Schulte e atualiza sua resposta original à luz do fato de que o artigo de Schulte foi, supostamente, deturpado pelas redes sociais.
Translation by claudiagroposo, . View original English version.
Argumento cético...